Estima-se atualmente que sete entre cada dez empresas norte-americanas localizadas na China, o que totaliza cerca de 74,9%, estão sendo afetadas de maneira negativa pela guerra comercial decretada entre os dois países. Os dados supracitados integram uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (22), pela Câmera de Comércio Americana na China.
De acordo com o relatório supracitado, o impacto negativo gerado a partir das tarifas é notável e prejudicial à competitividade das empresas dos Estados Unidos localizadas na China. As conclusões contidas no relatório em questão foram retiradas de uma pesquisa realizada pela Amcham China e pela Amcham Xangai para empresas que se associam a elas.
É válido apontar que a pesquisa mencionada foi feita entre os dias 16 e 20 do mês de maio. Ao todo, participaram do estudo 250 empresas. Tais empresas, por sua vez, atuam em áreas diversas: 61,6% delas estão conectadas À manufatura, 25,5% estão ligadas a serviços; 3,8% das empresas consideradas atuam no setor de vendas no varejo e distribuição; e, por fim, contando com 9,6% do total, pode-se citar as empresas ligadas a outras indústrias.
A partir disso foi possível verificar que os maiores impactos foram sentidos pelos fabricantes, que foram afetados em 81,5% pelas tarifas norte-americanas e em 85,2% pelas tarifas chinesas.
Após o avanço das negociações com a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou por adiar a imposição de tarifas contra produtos chineses. Essa tarifa teria o valor de 200 bilhões de dólares e deveria entrar em vigor no dia 2 de março. Entretanto, a decisão do presidente americano foi tomada no dia 25 de fevereiro, de modo que tal imposição não aconteceu, vindo a se tornar uma realidade meses depois, no dia 10 de maio. Na data referida, o aumento tarifário em questão foi confirmado e passou a ser de 10% a 25% para importações chinesas que contenham mais do que 5 mil produtos.
Dessa forma, é possível ressaltar que a pesquisa apresentada pela Câmera de Comércio na China foi concluída após as tensões entre os dois países aumentarem exponencialmente, uma vez que elas foram desencadeadas pela decisão de Donald Trump. Além disso, essa decisão provocou uma grande reação das autoridades chinesas.
Atualmente, o impacto dos impostos pode ser sentido na redução de demanda por produtos (52,1%), assim como em elevados custos ligados à produção (42,4%) e também nos preços relativos à venda dos produtos (38,2%).
Como maneira de lidar com os impactos advindos dessas tarifas, a pesquisa supracitada relata que algumas empresas estão adotando diversas medidas. Entre essas é possível destacar o atrasou ou mesmo o cancelamento de algumas decisões ligadas a investimentos (33,2%) ou, ainda, a adoção de uma nova estratégia, conhecida como “Na China, para a China” (35,3%), cujo objetivo primeiro é estabelecer meios para a fabricação e para o fornecimento dentro do próprio país, servindo ao mercado chinês.
O relatório em questão aponta que essa estratégia pode ser considerada uma opção racional para diversas empresas que sofrem com as novas tarifas. Dessa maneira, elas se isolam dos seus efeitos e ainda preservam a sua capacidade de procurar por oportunidades dentro do próprio mercado Chinês.
Ainda que mais do que a metade dos entrevistados pela pesquisa em questão (53,1%) afirme não ter percebido nenhuma espécie de aumento nas medidas de retaliação não-tarifária por parte do governo de China, é possível destacar que uma entre cada cinco pessoas entrevistadas teve experiências com o aumento de inspeções (20,1%) e também que o trabalho na alfândega se tornou mais lento (19,7%).
Além dos fatos citados, alguns entrevistados também afirmaram perceber uma maior lentidão na aprovação de licenças e outros pedidos similares (14,2%) e também enfrentaram algumas complicações derivadas de uma maior supervisão ligada à fatores de ordem burocrática ou mesmo de controle regulatório (14,2%).
Outros dados relevantes relacionados à pesquisa em questão dizem respeito à porcentagem dos entrevistados que considerou mover ou mesmo transferir as suas fábricas para fora do território chinês (40,7%), com o Sudeste Asiático (24,7%) e México (10,5%) sendo citados em grande parte dos relatos como o destino pretendido para as fábricas. Entre os entrevistados, um total inferior a 6% declarou estar pensando em mover as suas fábricas para os Estados Unidos.
No que se refere a essas questões, é possível apontar que o porta-voz do Ministro das Relações Exteriores chinesas, Lu Kang, ressaltou que Pequim ainda está comprometida no que tange ao fornecimento de um ambiente que seja justo, transparente e que não discrimine nenhuma empresa.
Por fim, os números obtidos pela pesquisa publicada pela Câmara de Comércio Americana na China revelam que no que tange às possíveis resoluções para o conflito entre os dois países, 42,7% dos membros estão apoiando uma espécie de retorno ao status quo, de forma que se mostra possível notar que os membros desejam que um acordo comercial seja realizado entre China e Estados Unidos para solucionar a questão.